Após seis anos de muita instabilidade emocional, chegamos em 2023 confiantes e esperançosos, pois conseguimos virar duas páginas da história do Brasil: do golpe, seguida da eleição de 2018. Há, no entanto, uma sementinha de discórdia e ódio que, uma vez plantada e regada, pode crescer e se transformar em um perigoso pasto de erva daninha. É fato, apesar da conquista, não será fácil retomar conquistas que foram quase zeradas durante o desgoverno. Sem avanços na área social, o país retrocedeu a passos largos. Precisamos sonhar com os pés no chão, afinal alianças foram feitas e ainda estaremos rodeados de intolerantes.
E sabemos que não é só no Brasil. Passamos nossa noite de
virada em Riga, Letônia, e aqui a tensão tem nome: a Guerra da Ucrânia e Rússia
que se prolonga. Logo, a divisão (que sempre houve, só estava adormecida) entre
pessoas mais conservadoras e outras mais progressistas não está só no Brasil.
Na França, na Itália, na Inglaterra, para não ficar só na América Latina,
comunistas e capitalistas como são equivocamente estereotipados, travam outras
guerras que circulam por todos os espaços. No Brasil víamos a bandeira verde e
amarela para tudo quanto era canto, aqui se vê a bandeira da Ucrânia.
Assim, a neve que aqui cai como algodão, ao alcançar o chão
torna-se dura, torna-se pedra. E no Brasil não é diferente, pois o sol que
brilha pode provocar a morte. É como se a natureza, e só ela, conseguisse
expressar o que todos sentimos e, o pior, como somos. Somos desequilíbrio e
instabilidade. Somos teimosia e interesse. E somos egoísmo, pois acabamos
reduzindo o mundo a nosso umbigo. Somos uma abstração que se materializa e se
transforma em tempestades.
Mas nós, felizmente, pensamos, e temos a capacidade de
reavaliar nossos passos e mudar. Que assim façamos em 2023, que pensemos mais
no coletivo. Bom lembrar que quem planta a semente torna-se menor que sua
plantação. A solução é possível que seja plantar mais flores, mais árvores
frutíferas, só assim para amenizar o efeito dessas ervas que, por ora, estarão
adormecidas, mas que podem se empoderar, como ocorreu nos últimos anos, tudo
vai depender do clima, e do respeito às intempéries que são inevitáveis.
Hoje chove em Riga, mas a temperatura está suportável, em
torno de 7 graus positivos. Pela janela vejo o gelo que, aos poucos,
desaparece. No Brasil, em Brasília o tempo também parece mais agradável, 19 graus.
É dia de posse do novo e velho Presidente Lula. Respiro fundo e sinto um
alívio. Vejo pelas redes sociais que muitos amigos unem-se a outros amigos que
vestem a camisa vermelha dos trabalhadores, e penso naquela verde e amarela (que ainda me recuso a usar) que
representa o todo, um país continente que precisa unir forças para não se
dividir ainda mais. Neste 1º de janeiro de 2023, vesti preto, porque é necessário ressignificar as cores. E resta-nos esperançar, conscientes de que sem
ação a esperança não deixa de ser um sonho.
Um excelente e colorido 2023!
Que assim seja querida amiga poeta, pandeirista, cantora, escritora e professora, feliz 2023. Bjs
ResponderExcluirA história humana não foge de si mesma. Mas por ser nossa, todos podemos fazer algo dentro dela. Sigamos com os jardins e as sementeiras ...
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