Você, com certeza, conhece aquelas
camisolas verdes ou azuis de amarrar na cintura, feitas sob medida pra você. Se
você pensou em um lindo penhoar de seda está completamente enganada, se pensou
em um roupão de algodão para colocar em cima do pijama, também está muiiiito
enganada. Hoje fui fazer alguns exames
básicos, nada anormal, e tive que vestir um desses camisolões e, ao passar por uma médica, ela me disse
de antemão: “Os homens é que inventaram essa máquina pra nos sacrificar”. É
provável que esses camisolões também tenham sido obra deles, retruquei.
Sabe de que objeto ela estava falando? Uma
pista: amassa teu seio feito um misto quente, você tem que ficar – além de
quase pelada na frente de uma desconhecida – toda torta e imóvel, sem falar no
sistema nervoso que fica em frangalhos depois de “n” perguntas do tipo: quantos
anos você tem? Tem algum caso de doença grave na família? Bebe ou fuma? Toma
algum remédio para... putz, espera-se sempre
o pior – espera-se sempre entrar para uma estatística. Sem falar nas
propagandas cotidianas que te alertam todos os dias: faça seu auto-exame...
depois dos 30 não se esqueça de fazer anualmente sua...putz, já faz ...putz. E
teu sanduíche, no ponto, é puxado pra cá, esticado pra lá, sua cabeça entorta,
a técnica pede que respires normal e, depois de alguns minutos amassada, torta
e nervosa ela te diz, liberada. Sou obrigada a repetir, como mulher sofre! Por que será que os homens não inventaram uma
sanduicheira para... putz. E ainda reclamam do toque retal, algo para nós,
mulheres (outros tipos de toque, logicamente) mais do que normal. Se eu fosse
médica seria, só de propósito, urologista. He,He,He. Brincadeirinha, meus
queridos! Muito obrigada por essas máquinas que salvam nossas vidas. Mas que é
estranho é, não concordam, amigas?
Você agora, com certeza, já sabe a
que me refiro, sim, refiro-me a uma mamografia. E não é que foram, realmente,
os homens os responsáveis por esse aparelho que tem salvado a vida de tantas
mulheres que sofrem, nesses momentos sim, isso é fato, mas que não sofrem mais
do que possuir uma doença tão avassaladora como o câncer de mama. E depois vêm
outros exames: densitometria óssea, ultrassonagrafia vaginal, ultrassom de
mama. Só nessas horas dá pra entender o porquê Deus ser homem, ele não gostaria
de ter jornada tripla de trabalho, tampouco, de fazer tanto exame assim, como
ele construiria o mundo em 7 dias se ele tivesse que... deixa pra lá, já disse
outra vez que Deus é muito mais feminino que masculino, o sexo, ou gênero aqui não tem
nada a ver com nada. Mais uma de minhas viagens.
É fato que, ao fazer um exame, em invés
de verificarmos nosso estado de saúde, verificamos nosso estado de doença:
colesterol, triglicerídeos, glicose são os menos preocupantes. Outros nos
estressam, nos deixam a mil e a mamografia é um deles. O medo nos acompanha nesses momentos: medo de
adoecer; medo de sofrer; medo de deixar de viver; medo de morrer. Medo.
Interessante observar que hoje as
doenças do coração não nos perturbam mais como outrora. Na realidade, o sonho
de todo mundo é morrer de parada cardíaca, ataque fulminante. Sem dor, sem
sofrimento, sem internação, sem muitos gastos. Além disso, diria que nenhuma
dor do coração dói como doía. Hoje estamos nos acostumando com a solidão, não
nos aturamos mais, o mal do século é o próprio homem que cava seu destino: não
casa, não tem filhos, não forma família. Quem você conhece que pretende formar
família hoje? Só não pode faltar o i-phone, o i-pad entre outras tecnologias
essenciais à sobrevivência. Morremos de tédio hoje se não tivermos uma
ferramenta para nos comunicar. Com quem? Com alguém para curtir, comentar e
compartilhar. Quanta viagem!
E quem alguma vez na vida ficou
internado em hospital sabe bem que vestir aquela camisola não é nada romântico,
tampouco sexy. Nós, mulheres, então, perdemos a vergonha quando vamos dar a luz
a uma criança. Expectativa, emoção, amor à flor da pele até que, depois da
camisola sexy, colocam um lençol embaixo de sua perna e pronto, a auto-estima
vai parar no pé. Não tem jeito não, ninguém gosta daquelas roupinhas de
hospital. Se eu fosse estilista criava uns modelitos especiais para os
pacientes. Nada de branco, verde e azul, tampouco vermelho, mas algo mais
fashion nos deixaria menos estressadas, como se já não bastassem nossas TPMS. É
muita falta de cor. Isso só pode ter sido idéia de homem também.
KKKKKKKKKKK. Abaixo os uniformes!!!!!
Até no hospital, ninguém merece!!! J
Florianópolis, agosto/2012.